quarta-feira, novembro 15, 2006

Porque não vou ao cinema



Acredito que a maior queixa de minha esposa é meu extinto quase animal de evitar ir ao cinema. O que é inexplicável para a maioria das pessoas, possui fundamento (ao menos para mim), garanto.

Poxa, é óbvio que a “magia do cinema”, em teoria, também me atrai. Assistir a um esperado lançamento, em uma tela de muitos metros, com som e imagem digitais, por certo poderia ser um prazer.

Mas os inconvenientes e desconfortos envolvidos nesse evento, acabam com qualquer interesse de minha parte.

É bem verdade que as grandes redes de cinema têm reduzido drasticamente minhas principais ressalvas sobre esse quase-aprazível passeio, mas os aspectos negativos, no momento, ainda prevalecem.

Vejam só a “operação de guerra e desconforto” envolvida nesse simples ato:

Ir ao cinema:

Decidir: Não adianta reclamar. Você só vai ao cinema com hora marcada. Ou Você assiste o filme naquele horário ou em outro que a “casa de espetáculos” entende conveniente para Você. Poder de escolha: zero!

Estacionar: Se Você vai de carro ao cinema, tem de estacionar. E por um mínimo de segurança, tem de pagar (e nunca pouco). Assim, apenas para estar lá: R$ 5,00. Mas tem gente que paga feliz (não entendo, mas respeito isso).

Comprar: Concordo que hoje, com as compras pela internet, esse problema foi bastante reduzido. Assim, já nem reclamo disso, exceto quanto ao preço estimado de R$ 30,00 para dois adultos. Aviltante!

Filas: Ahhh, as filas. Como o brasileiro gosta de filas. Se precisar entrar em um local que tem duas portas, mesmo sem perguntar, é bem possível que escolha a que tiver fila, ao invés daquela que não tem. Só pode ser gosto. Então, dá-lhe fila para a pipoca e o refrigerante (cuja brincadeira rende mais uma dívida de aproximadamente R$15,00) e outra para entrar na sala de projeção.

Cansados já? Eu estaria.

Local na sala: Hoje é possível comprar exatamente as poltronas que se deseja ou... existe a possibilidade de assistir ao filme a quilômetros de sua companhia. Mas como tudo pode ser pior, sua alternativa é ficar naqueles locais estupidamente “micados” do cinema. Contar com a educação de nossos pares? Boa sorte.

O filme: Bom, se Você manteve seu interesse mesmo após tudo isso, então vem a parte boa (será?): o FILME! Mas, e se Você estiver com sono? Azar, ou dorme, ou assiste ao filme. E se precisar ir ao banheiro? Problema seu também. E se não entendeu alguma cena ou diálogo? Compre outra entrada e assista novamente. E a pergunta de um milhão de dólares: E se o filme for ruim. Bom, nesse caso, se foi bem acompanhado, pelo menos pode namorar.

Resultado: R$ 50,00 de gasto, e uma boa chance de sair do cinema mais estressado do que entrou.

Diante disso, só posso reafirmar meu amor pelo meu DVD player, minha mega TV e meu home theater. Sem contar que, com os mesmos R$50,00 alugo pelo menos três filmes, com pipoca e refrigerante, sem enfrentar qualquer dos problemas acima.

Mas sem dúvida, o cinema é ótimo! Ou não é?

J. R. Abraham

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