Veronika decide morrer!
“Veronika” – um codinome que adotei por conveniência poética – não decidiu morrer. Decidiram por ela. Não lhe levaram nada (além da vida). Nem um centavo, nem o carro importado, nem mesmo o celular. Jovem, ainda, faleceu a caminho do hospital.
O responsável? Um assassino sem rosto. Ao menos até agora.
Conheci “Veronika”. Admirava sua capacidade. Na realidade, “Veronika” foi minha cliente. A melhor, a maior e a mais exigente.
A morte de Veronika, tão nova, fez-me pensar: E se soubéssemos o ano, mês, dia e hora de nossa morte?
O que fazer no último dia? Na última hora? E no último minuto?
Refleti bastante. Na realidade, quase todo o dia. Exercício mórbido, mas extremamente revelador.
Revelador porque concluí que, pensar o que queremos fazer nesses momentos deflagra nossos anseios mais puros, mais fortes, nossos verdadeiros desejos.
Nunca – invariavelmente – pensamos em fazer algo que nos desagrade minimamente. Trata-se de nosso último suspiro; um intervalo no qual os pudores já terão se esvaído, a moral coletiva – aquela que não representa nossos verdadeiros valores, mas aquele que nos são impostos – já não existirá mais.
Podemos fazer tudo. Absolutamente tudo.
Entretanto, percebi que, o que eu desejo é de simplicidade tal que, no fundo, me assustei.
Em suma, está relacionado com minha filha e minha esposa, a água e a areia do mar, um pôr do sol, um local extremamente confortável, uma bebida bem leve e um forte abraço... não necessariamente nessa ordem... Nada mais.
Então “Veronika” poderia morrer: feliz.
Mas não hoje! E nem nos próximos 50 ou 60 anos!
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