sexta-feira, março 30, 2007

Tudo pode piorar!

Existe situação mais desagradável do que Você dizer a alguém “Oi, tudo bem?” e a pessoa te contar a verdade?

Putz, é trágico:

”Oi, Tudo bem?”

“Na verdade não. Você não imagina o que me aconteceu...”

Não imagino e nem quero imaginar. Será que é tão difícil dizer “tudo e Você?” e seguir a vida? Parece que sim.

Nesses casos tenho uma estratégia infalível para evitar ser vítima das intermináveis lamentações. Antes que a pessoa inicie seu “causo” eu digo: “Lembre-se que o importante é que tudo pode piorar!” – Acaba com qualquer um. Mas dessa vez, a “vítima” fui eu.

O dia começou melhor que o usual: cheguei cedo ao escritório, dei andamento a situações que pareciam sem solução, minha esposa recuperou um objeto “furtado”, enfim, tratava-se daquele dia que se alguém fizesse a famosa pergunta, a resposta seria: “se melhorar estraga”. E não é que estragou?

Ao voltar do almoço recebi um e-mail com reclamações e reivindicações dos estagiários! Reivindicações? Sim. Pediram “bom senso” dos advogados, informaram que depois de determinado horário não fariam protocolos, queriam melhores cadeiras, participação nos lucros, aumento da bolsa e do ticket. Ou seja, pela primeira vez, “a lingüiça queria comer o cachorro”, “a banana queria comer o macaco”.

Tive de reler algumas vezes o texto que chamava os advogados – nós – de desorganizados, irresponsáveis e sanguessugas. Mas até aí, dane-se!

Em seguida recebi as publicações. Vinte e sete para mim (só hoje). Conclusão, o dia que começou bem, também acabaria bem, bem tarde!

E lá fui eu, trabalhar como um condenado – e cá estou eu em minhas lamentações. Conclui, pela enésima vez, que não pertenço àquele lugar.

A propósito, concluí, também, que a minha dose de antidepressivo deverá sofrer um aumento.

Mas como eu digo, tudo pode piorar...

Pouco antes de sair do escritório, durante a última discussão acalorada da noite, minha esposa me ligou. Era a segunda ligação e eu não havia notado a primeira.

“Alô?!”

“Oi meu bem.”

“Aonde é que Você está?”

“No escritório, ué?!”

“Fazendo o quê?”

“Trabalhando, ué?!”

De repente, sem maiores explicações, ouço o tom de voz que denota o pior fenômeno que pode acontecer a um marido: “ela emburrou”!

Cheguei em casa. E agora, faço o que? Minhas primeiras abordagens já falharam. Vou tentar um filme. Se não resolver eu durmo, melhor que passar chateação, afinal, amanhã é um novo dia.

Mas hoje estou esperto, já que amanhã, tudo pode piorar!

J. R. Abraham

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